Se há um ano atrás me dissessem que neste momento estaria a viver do outro lado do atlântico, sozinha numa casa com duas americanas que não conheço de lado algum, e uma cadela chamada Talula, dizia que alguém estava louco. E quando páro para pensar, acho de facto, muuito estranho. Não sei como, tenho conseguido manter-me algo ímune aos ataques saudosistas que de vez em quando apertam, ou aos de ansiedade e de pânico que me assaltavam quando era uma tennager nervosa. Quando olho para trás, sei perfeitamente apontar o único momento em que vivi com algum terror ou estado extremo de nervosismo a situação que agora defronto. E não foi na véspera de vir, nem quando já cá estava, foi quando disse que sim ao telefone uma noite em guimarães há muito tempo atrás. Não dormi nessa noite e penso que todas as minhas ansiedades ficaram condensadas e apreendidas nesse momento.

Tento não pensar muito no caso e viver o dia a dia como o fiz em tantos outros locais; Tomar, Guimarães, Ferrara, Lisboa, Sesimbra...enfim... e os dias vão passando tal como se passavam nesses sítios. E sinto-me como se este, já me pertencesse um bocadinho. Tal como Tomar, Guimaraes, Ferrara..etc.. me pertencem.

Mas falta-me uma coisa essencial : "a vizinhança". Aqueles a quem batemos á porta para ir tomar café. Ou para combinar um jantar, ou beber uns copos. Faltam-me actividades extracurriculares que me preencham o dia a dia. Aquilo que realmente faz sentido. Sei que deve parecer ridículo dizê-lo nesta cidade plena de movimento. Mas aqui confesso a minha falta de iniciativa.

Ps- falta-me uma perna para andar. Mas já vem a caminho....